No mês passado, ficámos de voltas aos aspectos associados à viabilidade económico-financeira num negócio associado à modelagem, corte e confeção. O prometido é devido!

Trata-se de um área com um vasto potencial de negócio. Pense nas infinitas possibilidades: criar uma marca de roupa única, com a sua assinatura e valores; abrir um atelier de costura que ofereça serviços personalizados e de alta qualidade; especializar-se em reciclagem, dando nova vida a peças esquecidas e abraçando a sustentabilidade; ou até mesmo partilhar o seu conhecimento através de workshops e aulas.

Mas quais são os pilares essenciais, para a viabilidade económico-financeira?

Como em qualquer área de negócio, um planeamento rigoroso dos custos e das receitas, bem como dos prazos em que ocorrem, tudo isto associado ao fluxo de caixa, são decisivos.

a) Custos

Custos Diretos de Produção (Por Peça):

  • Matéria-Prima: Este é um dos custos mais significativos. Inclui tecidos, linhas, botões, fechos, etiquetas, entretelas e qualquer outro material incorporado na peça…)
  • Mão de Obra Direta: Se for o próprio criador a produzir, é importante definir um valor hora para o seu trabalho (decisivo!), para ter uma noção real do custo da peça.
  • Embalagem: Custos com sacos, caixas, etiquetas de envio e outros materiais de embalagem necessários para entregar o produto ao cliente.

Custos Indiretos de Produção (Custos Fixos e Variáveis Associados à Produção)

  • Aluguel do Atelier/Espaço de Trabalho
  • Energia e Água
  • Manutenção de Equipamentos
  • Amortização de Equipamentos
  • Software de Design e Modelagem (se aplicável): Custos de subscrição ou compra de software.

Custos Operacionais (Custos Fixos e Variáveis Associados à Gestão do Negócio)

  • Marketing e Publicidade
  • Custos de Venda ( Taxas de plataformas de venda online, comissões de vendas custos de envio
  • Custos Administrativos: Contabilidade, honorários legais, licenças, seguros.
  • Comunicações: Telefone, internet.
  • Transporte e Deslocações: Custos com deslocações para comprar materiais, entregar encomendas, participar em eventos.
  • Salários (se tiver funcionários): Custos com salários fixos e variáveis de outros colaboradores (além da mão de obra direta de produção).

Custos Financeiros:

  • Juros de empréstimos (se aplicável).
  • Taxas bancárias.

b) Receitas:

Venda de Peças de Vestuário:

  • Preço de Venda: Definir um preço que cubra os custos, gere lucro e seja competitivo no mercado. É crucial considerar o valor percebido da marca, a qualidade das peças e os preços da concorrência.
  • Volume de Vendas: A quantidade de peças vendidas num determinado período. É importante ter projeções realistas e trabalhar para aumentar o volume de vendas através de estratégias de marketing e vendas eficazes.

Serviços de Costura e Ajustes (se aplicável):

  • Preço por Serviço: Definir preços para ajustes, reparações, transformações de peças, etc.
  • Volume de Serviços: Quantidade de serviços prestados.

Workshops e Aulas (se aplicável):

  • Preço por Participante/Workshop.
  • Número de Participantes.

Encomendas Personalizadas/Sob Medida:

  • Preço por Encomenda: Geralmente mais elevado devido à personalização.
  • Número de Encomendas.

Colaborações e Parcerias:

  • Receitas provenientes de colaborações com outras marcas, influenciadores, etc.

c) Aspectos essenciais de gestão do negócio:

  • Margem de Lucro: A diferença entre o preço de venda e o custo de produção de cada peça. É fundamental definir margens de lucro saudáveis para garantir a sustentabilidade do negócio.
  • Ponto de Equilíbrio: Calcular quantas peças precisa vender para cobrir todos os seus custos (fixos e variáveis). Este é um indicador crucial para saber a partir de quando o negócio começa a gerar lucro.
  • Fluxo de Caixa: Monitorizar as entradas e saídas de dinheiro ao longo do tempo. Um fluxo de caixa positivo é essencial para pagar as contas e reinvestir no negócio.
  • Custos Ocultos: Estar atento a custos que podem não ser óbvios no início, como taxas de cartão de crédito, custos de devolução, custos de antiguidade de stock.
  • Escalabilidade: Pensar em como os custos e receitas irão evoluir à medida que o negócio cresce. Alguns custos podem não aumentar proporcionalmente ao aumento das receitas, o que é positivo para a rentabilidade.
  • Sazonalidade: Se o negócio for afetado por sazonalidade (ex: maior procura no verão), é importante planear financeiramente para os períodos mais lentos.
  • Gestão de Inventário: Ter um bom controlo do inventário de matérias-primas e produtos acabados para evitar desperdícios e imobilização de capital.

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